ALCOOLISMO APÓS CIRURGIA BARIÁTRICA
Conteúdo do artigo principal
Resumo
A obesidade é umas das doenças crônicas não transmissíveis que mais cresce no mundo, com prevalência estimada de 11%. Por ano, cerca de 3,4 milhões de mortes de adultos são relacionadas direta ou indiretamente à obesidade. Em casos de falhas às tentativas de emagrecimento convencionais- dieta, atividade física e terapêutica medicamentosa- a intervenção cirúrgica, especificamente a Cirurgia Bariátrica (CB), tem-se mostrado uma boa alternativa para esses pacientes. Esta, destina-se a indivíduos com obesidade mórbida desde que tenha IMC¿40 kg/m2, ou IMC¿35 kg/m2 associado à comorbidades. Os benefícios pós cirúrgicos em pacientes que tiveram perda e posterior manutenção do peso englobam a melhora das doenças associadas e consequente impacto na qualidade de vida. Contudo, alguns trabalhos demonstram complicações psicológicas e psiquiátricas de várias ordens, incluindo abuso e possibilidade de dependência alcoólica. Esses pacientes tendem a transferir sua compulsão dos alimentos para o álcool e/ou outras drogas além de terem alterações do metabolismo do etanol. Isso facilita a tolerância e demais fenômenos envolvidos na dependência, e modifica fortemente o estilo de vida, gerando um estresse agudo para o qual paciente pode estar despreparado. O objetivo foi relatar a correlação entre a CB e o aumento de risco para desenvolvimento de transtornos relacionados ao uso de álcool. Estudo transversal, individual, observacional e retrospectivo, realizado através de consulta ao prontuário da paciente. Entre os anos 2016 e 2017 foi registrado, no CAPS AD do município de Votuporanga, a procura de quatro usuários dependentes ao álcool, onde relatavam o aumento no padrão de consumo após a realização da cirurgia bariátrica. Destes quatro indivíduos, um era do sexo masculino e três feminino. A procura ao tratamento foi entre 2 a 3 anos após a esse procedimento. Inicialmente, quando buscaram atendimento no CAPS AD, eles apresentavam crítica prejudicada em relação ao consumo de álcool, e somente procuraram ajuda por meio do suporte familiar. Dois desses casos foram identificados transtornos mentais (depressão e transtorno de personalidade borderline). Foram elaborados planos singulares intensivos, pois na visão da equipe multidisciplinar este é um perfil de paciente que apresenta muita dificuldade na adesão do tratamento. Os outros dois casos não apresentaram comorbidades psiquiátricas, porém não aderiram ao tratamento. Para melhor trabalhar essa adesão foram propostas intervenções individuais e abordagem familiar. Os dois pacientes que aderiram as abordagens oferecidas pelo CAPS AD permanecem em acompanhamento, onde atualmente estão submetidos ao processo de reabilitação psicossocial voltado para alta. Assim, a CB pode alterar o metabolismo do etanol e implicar em estresse e mudanças no estilo de vida. Somados, esses fatores podem contribuir para o surgimento de padrões nocivos de consumo de álcool. Por isso, é imprescindível que haja uma intensificação na preparação e orientação dos pacientes no seguimento pós operatório de CB.
Palavras-chave: Cirurgia bariátrica. Psiquiatria. Alcoolismo.