DOBRAS DA EXISTÊNCIA: POR UMA ARQUITETURA (IN)VISÍVEL
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Resumo
O objetivo deste artigo é apresentar o espaço e o corpo como dobras que se fazem um do outro, considerando que o surgimento ou a produção de um espaço só se torna possível na corporeidade de um corpo que afeta e é afetado, e que a potencia de um espaço em um corpo não está, senão, na forma como ele apreende as suas subjetividades e o torna capaz de atribuir sentidos. Compreende-se que esta relação não está manifestada em si na visibilidade, mas nos cruzamentos de forças que o corpo cria com os seus espaços, um fora que vem a se interiorizar neste corpo e um dentro que se exterioriza, produzindo agenciamentos e devires. Para tanto, faz-se uso das teorias de Merleau-Ponty (1999) acerca das singularidades do corpo, compreendendo que o sujeito em si é único e não pode ser universalizado, como retratado nas críticas de Foucault (1975) sobre as técnicas da sociedade disciplinar, que determinam sentidos pré-estabelecidos aos espaços direcionados ao corpo. Trata-se de tomar a arquitetura e suas espacialidades não por limites, mas como potência para um corpo existente, que torna possível as suas mais singulares experiências, e sem um sentido único a ser dado, o levando ás linhas de fuga e de si, como entendido por Deleuze (1988) em suas releituras sobre a dobra foucaultiana.
Palavras-chave: Corpo. Dobra. Espaço. Existência. Percepção.
REFERÊNCIAS:
DELEUZE, Gilles. A Dobra: Leibniz e o Barroco. Campinas, SP: Papirus, 1ª Edição, 2007.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento da prisão. Trad. Raquel Ramalhete. 18ª ed. Petrópolis: Vozes, 1987.
LINS, Daniel; GADELHA, Sylvio. Nietzsche e Deleuze: Que pode o corpo. Rio de Janeiro: Relume Dunará, 2002. 290 p.
MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. Trad. Carlos Alberto Ribeiro de Moura. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 657 p.