O BLUR NA ARQUITETURA

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Tatiani Amadeu de Freitas
Andre Teruya Eichemberg

Resumo

Este artigo tem por objetivo analisar como a vida urbana contemporânea altera os processos perceptivos do corpo, através das relações entre indivíduo e espaço. Hoje, o corpo ao habitar o espaço urbano deixa de perceber elementos fundamentais que compõe a paisagem urbana, perdendo a relação com o meio, entre a cidade e o habitante. Excessos de estímulos sensoriais e a grande saturação de imagens junto a falta de tempo e a velocidade da vida contemporânea resultam em apreensões parciais da paisagem, de forma a descaracterizá-la. Esse processo resulta em uma percepção indiferente sobre o espaço da cidade, da paisagem urbana. Estar imerso nesse excesso do contemporâneo causa um desfoque na percepção do corpo, que aqui será chamado de blur (substantivo, do inglês, borrão, mancha, desfoque) perceptivo. Para sustentar essa análise, foram utilizados os conceitos de Nelson Brissac Peixoto (1988 e 1996) sobre as cidades contemporâneas junto aos conceitos fenomenológicos da percepção de Merleau-Ponty (1994), relacionando aos conceitos de paisagem e de visibilidade e visualidade de Lucréria D´Alessio Ferrara (1999 e 2012).  Os estudos de caso abordam como é possível que a arquitetura crie espaços que se apropriem do blur de forma a alterar a percepção do corpo, resultando em um reencantamento do espaço através de uma percepção mais atenta sobre a paisagem. Portanto, a arquitetura pode contrapor o blur perceptivo que a vida contemporânea reflete no corpo através da criação de espaços que induzam a percepção a fatores antes não explorados através da imersão do corpo em determinados lugares. O blur causado pelos excessos pode ser refletido na arquitetura como forma de causar um estranhamento no sujeito de modo a ampliar e atentar para o que se é visto e percebido, de forma que a percepção automatizada do corpo dê lugar a criação de novos sentidos, permitindo um redescobrir dos espaços e da própria paisagem urbana.

Palavras-chave: Blur. Paisagem. Percepção.

 

REFERÊNCIA:

 

MERLEAU-PONTY, Maurice. A Fenomenologia da percepção. 2. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1999. 662p.

 

PEIXOTO, Nelson Brissac. O Olhar Do Estrangeiro. In: NOVAES, Adauto (org.). O olhar. São Paulo: Companhia das Letras, 1988. p. 361-365.

 

_____________________. Paisagens Urbanas. 4. ed. São Paulo: Senac, 1996. 436 p.

 

SANTAELLA, Lucia. Percepção: fenomenologia, ecologia e semiótica. São Paulo: Cengage Learning, 2002. 146 p.

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Seção
HUMANAS E SOCIAIS