MANEJO DE HEPATOPATIA E NEFROPATIA GRAVES SECUNDÁRIO À LEISHMANIOSE EM UM DACHSHUND - RELATO DE CASO
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Resumo
A leishmaniose visceral é uma doença infecciosa, zoonótica, causada pelo protozoário Leishmania infantum. A doença é geralmente de curso crônico, e a maioria dos animais que entram em contato com o parasito apresentam infecção subclínica que evolui para a doença clínica, devido a fatores como imunossupressão e infecções intercorrentes. Esse relato de caso foi aprovado pelo Comitê de Ética de animais da UNIFEV com o número do Protocolo 005/23. O objetivo desse trabalho é relatar a melhora de um cão com leishmaniose grave a partir de tratamento resgate com o uso de prednisolona em dose imunossupressora. Foi atendido no Hospital Veterinário de Ensino UNIFEV um cão, macho, com 12 anos de idade, inteiro, da raça Dachshund, com histórico de claudicação em membro pélvico direito e emagrecimento. No exame físico geral foi observado linfonodos reativos, lesões cutâneas e estado nutricional magro, com o restante dos parâmetros normais para a espécie. No exame ortopédico, foi observado aumento de volume na articulação fêmuro-tíbio-patelar direita, com crepitação e sensibilidade dolorosa. Foram solicitados exames complementares de sangue, que resultaram em anemia normocítica e normocrômica, hiperproteinemia e aumento de ALT e FA. No exame radiográfico foram observados sinais graves de osteoartrite. Diante dos achados, foi solicitado sorologia (ELISA e RIFI) para leishmaniose, que resultou positiva. A partir disso, foi prescrito tratamento com miltefosina por 28 dias, alopurinol de uso contínuo, domperidona por 90 dias, prednisolona por 30 dias (com redução gradual da dose), profilaxia com coleira repelente a base de deltametrina, além de tratamento suporte para as lesões cutâneas e osteoartrite. Após 30 dias o animal foi reavaliado: ganhou 2 kg e houve melhora das lesões cutâneas, porém as alterações hematológicas permaneceram. Foi solicitado uma ultrassonografia abdominal para avaliação hepática, porém o animal retornou apenas 6 meses depois, com quadro de ascite, utilizando somente o alopurinol. Na ocasião, apresentou hipoalbuminemia severa, hepatomegalia na ultrassonografia, transudato modificado à análise citológica do líquido abdominal, e proteinúria, com relação proteína creatinina bastante aumentada. Ainda, foi realizado ecocardiograma para descartar ascite por insuficiência cardíaca congestiva direita. A partir disso, foi prescrito SAMe, dieta proteica, marbofloxacino e benazepril, além de realização de abdominocenteses semanais para drenagem da ascite. Como não houve melhora, foi optado por entrar também com espironolactona e furosemida para manejo da ascite, porém também com pouca resposta. Foi realizado esse manejo terapêutico, com acompanhamentos semanais, por aproximadamente 4 meses, porém com piora clínica progressiva - emagrecimento, hiporexia e diarreia. Foi então solicitado nova ultrassonografia, onde foram observados sinais de cirrose e nefropatia. Como última tentativa, foi prescrito o uso da prednisolona na dose imunossupressora, com os tutores cientes da possibilidade de piora do paciente. Após uma semana, o paciente apresentou melhora clínica significativa, com diminuição progressiva da ascite e melhora acentuada da proteinúria e funções hepática e renal, permanecendo estável e sem necessidade de abdominocentese por 2 meses. Conclui-se que a prednisolona obteve um efeito positivo para esse paciente, uma vez que a dose imunossupressora atua diretamente no sistema imunológico do paciente promovendo modulação da resposta à leishmaniose.
Palavras-chave: glomerulonefrite; imunomodulação; prednisolona; proteinúria.