O RASTREIO DE CÂNCER DE COLO UTERINO EM HOMENS TRANSSEXUAIS E SEUS DESAFIOS

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Carolina Oliveira De Freitas Carvalho, Gabryel Martins Rodrigues Belchior, Úrsula De Camargo Borsato, Reinaldo Antonio De Carvalho

Resumo

Definem-se homens transsexuais como pessoas que, ao nascerem, foram designadas como do sexo feminino, mas que se identificam com o sexo masculino. Estudos indicam que considerável parte do todo dos adultos é transgênero, isto é, milhões de pessoas no mundo se identificam com o gênero oposto ao de seu nascimento. Apesar disso, a maioria desses indivíduos mantém seus órgãos reprodutivos de origem, o que significa que homens transgêneros permanecem sob o risco de desenvolver alguns tipos de câncer, como o de colo cervical, sendo necessário os mesmos cuidados e rastreios destinados à população cisgênero. Sabe-se, porém, que homens transsexuais têm maior propensão a não estarem em dia com o Papanicolau quando comparados às mulheres cisgênero, o que é explicado pelo preconceito e despreparo por parte dos profissionais de saúde, resultando em menor procura por atendimentos médicos. A paritr dessa proposição, o objetivo do trabalho foi analisar as razões pela falta de procura por atendimento ginecológico por homens transsexuais, o papel dos profissionais de saúde em dada realidade, além de como a qual pode ser modificada. Foi realizada uma revisão de literatura narrativa na base de dados LILACS, sendo utilizados os descritores Rastreio, Colo do Útero e Homem Transgênero. Houve a seleção de 4 trabalhos para leitura na íntegra, sendo incluídos aqueles em idioma português e escritos em período posterior a 2020. A pesquisa permitiu verificar que tanto o despreparo profissional durante a graduação como o preconceito por parte da equipe de saúde, influem sobre o atendimento ginecológico desigual em questão. A falta de busca por atendimentos associada aos próprios pacientes também é fator influente, sendo justificada pelo desejo de ignorar os órgãos reprodutivos; pelo uso de terapia androgênica, que causa atrofia; bem como outros fatores psicossociais. A falta de dados epidemiológicos também é considerada um obstáculo, visto a importância que exercem sobre a elaboração de políticas públicas. Além disso, assumir, legalmente, o gênero masculino, pode levar à negação da cobertura dos exames pelos planos de saúde, resultando em aumento da estigmatização de que o procedimento é feminino, o que culmina na ausência de adesão. É notória a menor adesão de homens transsexuais ao preventivo do câncer de colo uterino, quando comparado às mulheres cisgênero. Por isso, é necessária a adequação à realidade, respeito e incentivo para que haja, enfim, integralidade, universalidade e equidade do atendimento a uma população historicamente esquecida.


Palavras-chave: rastreio; colo do útero; homem transgênero.

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Seção
SAÚDE E BIOLÓGICAS