O ESPAÇO COMPARTILHADO, A RUA VIVENCIADA

Resumo

Ao longo dos anos a cidade teve seu espaço público substituído por um novo tipo de sociabilidade, através de espaços privados e também pela esfera virtual. Os hábitos da sociabilidade por meio de costumes simples foram substituídos pelo individualismo excessivo e pela falta de segurança dos lugares, que está profundamente relacionada com este abandono dos espaços. O abandono contribui com as ruas da cidade em monotonia tornando-as frias, perigosas e maçantes. Segundo Ferrara (2013) os meios eletrônicos de informação e comunicação geram um espaço público deslocado, não só da sua conexão física territorial, mas sobretudo distante da opinião, da doxa como código de comunicação oral da tradição. Sendo assim, a recuperação destes valores se tornam fundamentais para o resgate da troca de afetos verdadeiros, não meramente virtuais ou fundamentados em interesses econômicos. Esses espaços são alicerces para a vida social respaldada na convivência com o outro, na interação, nos afetos, no estar face a face pois, esta é a função da cidade: gerar encontros. O exercício do convívio que se estende dos quintais das casas para a rua e calçada é exposto nas ruas do bairro Monte Verde , localizado em Votuporanga-SP. A (re)produção deste espaço se dá pela forma como os moradores se apropriam deste e o consome. O hábito de sentar nas calçadas para conversar ou contemplar a paisagem, as crianças brincando nas ruas de bola, pega-pega, esconde-esconde, soltando pipa, remetem a costumes que foram perdidos com o tempo e que abarcam sensações como liberdade, amizade. Este costume é essencial para fundamentar o \"estar - junto\", pois, segundo Simmel (1974) apud Maffesoli (1998), representa \"uma das formas mais típicas da vida social.\"

Palavras-chave: cidade, afetos, sociabilidade, Monte Verde.

¹   Conjunto habitacional  com apenas 3 anos de existência.