RELAÇÕES ENTRE GÊNERO E BRINCADEIRAS EM CRIANÇAS PRÉ-ESCOLARES: SUBSÍDIOS PARA PROGRAMAS DE HABILIDADE SOCIAIS INFANTIS
Conteúdo do artigo principal
Resumo
O brincar é um dos comportamentos mais espontâneos presentes na vida da criança e contribui, seja de maneira estruturada ou livre, para um desenvolvimento saudável. A brincadeira pode ser um recurso importante em atividades que busquem a promoção de habilidades sociais na infância. Brinquedos e brincadeiras também desenvolvem um papel na construção de gênero desde muito cedo. Um programa de habilidades sociais pode ser melhor planejado se forem identificadas especificidades de cada sexo, de modo que nessas intervenções, podem-se realizar manejos para eliminação de preconceitos e estereótipos associados a cada gênero. A presente pesquisa teve por objetivo identificar as brincadeiras mais frequentes em idade pré-escolar e avaliar possíveis relações de gênero socialmente imposto. Foram elaborados e aplicados questionários com 87 crianças de três a seis anos e seus respectivos pais. Para análise, foram destacadas as seis brincadeiras mais mencionadas pelos participantes. As respostas dos pais foram semelhantes às das crianças para ambos os sexos. As brincadeiras mais apontadas por crianças do sexo masculino foram carrinho, super-heróis, bola, parque, pega-pega e esconde-esconde. Já nas meninas, foram indicadas: boneca, mamãe e filhinha/ casinha, parque, bicicleta, pega-pega e esconde-esconde. Os resultados mostram que existe uma variação de escolhas e habilidades a depender do gênero e apontam que em sua maioria, a preferência são as atividades socialmente nomeadas como masculinas e femininas. Isso reforça a ideia da pressão cultural dos adultos a fim de diferenciar claramente os gêneros e separá-los durante as atividades, desde a primeira infância. Nesse sentindo, atenta-se para a necessidade de planejamento de uma intervenção baseada no favorecimento da maior aceitação do gênero oposto. Programas de habilidades sociais na infância poderiam combater os estereótipos atribuídos às brincadeiras infantis, de modo a oportunizar brincadeiras menos estereotipadas e segregatícias, fortalecendo igualdade de gêneros, em contextos lúdicos e livres de pressões culturais.
Palavras-chave: gênero; brincadeiras; crianças pré-escolares, habilidades sociais.
Detalhes do artigo
Referências
DEL PRETTE, Z. A. P. DEL PRETTE, A. Psicologia das Habilidades Sociais na Infância: Teoria e Prática. Editora Vozes, 2005.
PAPALIA, D. E. OLDS, S. W. FELDMAN, R. D. Segunda infância. In:. Desenvolvimento Humano. Artmed. 8ª ed. 2006.
FINCO, D. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil. Pro-Posições. v. 14, n. 3 (42) - set./dez. 2003.
KISHIMOTO,Tizuko Mochida; ONO, Andréia Tiemi. Pesquisa: Brinquedo, gênero e educação na brinquedoteca.Pro-Posições, v.19, n.3 (57)- set/dez.2008